quinta-feira, 15 de novembro de 2007

A meia-verdade

Relata-se o seguinte incidente envolvendo o profeta Maomé. O profeta e um dos seus companheiros entrou numa cidade para ensinar.

Logo um adepto dos seus ensinamentos aproximou-se e disse:
"Meu senhor, não há nada exceto estupidez nesta cidade. Os habitantes são tão obstinados! Ninguém quer aprender nada. Tu não irás converter nenhum desses corações de pedra."
O profeta respondeu bondosamente:
"Tu tens razão."
Logo depois, outro membro da comunidade abordou o profeta. Cheio de alegria, ele disse:
"Mestre, tu estás numa cidade abençoada. O povo anseia receber o verdadeiro ensinamento, e as pessoas abrem seus corações à tua palavra."
Maomé sorriu bondosamente e novamente disse:
"Tu tens razão."
"Ó mestre", disse o companheiro de Maomé, "tu disseste ao primeiro homem que ele tinha razão, e ao segundo homem, que afirmou o contrário, tu disseste que ele também tinha razão. Pois negro não pode ser branco."
Maomé respondeu:
"Cada um vê o mundo do jeito que espera que seja. Por que deveria eu refutar os dois homens? Um deles vê o mal, o outro, o bem. Tu dirias que um deles vê falsamente? Não são as pessoas aqui e em toda parte bos e más ao mesmo tempo? Nenhum dos dois disse algo equivocado, disseram apenas algo incompleto."

Do livro: O Mercador e o Papagaio Nossrat Peseschkian - Ed. Papirus
P.S.: Retirado do sítio http://www.metaforas.com.br/metaforas/metafora250999.htm

terça-feira, 13 de novembro de 2007

O Mito do Anão de Jardim.

Capítulo III

Valéria não queria mais sair do jardim. Quando voltava da escola dava uma passadinha rápida lá; estudava um pouco e, ao anoitecer, voltava ao seu paraíso; onde ficava até altas horas da madrugada. Valéria, não quero mais você até tarde naquele jardim, disse a senhora da casa, Tá bom, mãe, respondeu a sinhazinha. Mas ela confirmava por confirmar: sempre dava de ombros. Certa noite, calma e quente, a menina em seu recanto, e num canto com seu fiel companheiro, aconteceu. Os dois conversavam sobre quereres, um mais interessado no que o outro dizia. Cada qual exalava o seu mundo, enquanto o outro o inspirava. E a cada minuto, ambos sentiam uma necessidade de chegar mais perto do outro para sentir melhor esse frescor, postaram-se tão próximos que o beijo foi inevitável, na verdade, inconscientemente planejado - confirmam tantos foram os outros que se sucederam. E tantos foram os encontros, e tantas as horas, que de tão rápidas, nem as notavam. A menina agora não mais estudava ? apenas ia pra a escola -, pois passava o seu tempo todo pensando em seu anão de jardim. Dele não se têm notícias, ao não ser por Valéria, afinal, quem poderia saber de algo sobre um anão de jardim, duende ou coisa parecida? Só quem os cria. Cedo ou tarde o ?mal da despedida? assola os que se gostam. Ele convocou sua presença no ?cantinho?, e ela já chegou com seus olhos cheios de lágrimas, Isso mesmo, ele disse, Tenho que ir embora, nossa fantasia tem que acabar; continuou, foi quando um filete de lágrima rasgou a face de Valéria. Antes de ele continuar, ela gritou, Eu te amo. Criaturas de outro mundo choram? Anões de jardim não, pelo menos esse, pelo menos não como os humanos costumam fazer. O diálogo prosseguiu. Argumentos eram muitos, de ambas as partes. Ele, Tenho que ir, não pertenço a esse mundo, não posso amar ninguém além desse jardim. Realmente, seu argumento era forte, mas ela investiu, Você pertence a esse mundo sim, pois esse mundo é só meu e seu, é nosso. Eu te amo, ele disse. A conclusão é que os dois entenderam que se completavam, em um perfeito encaixe lima-fechadura; amavam-se inocentemente. Amavam-se tanto... E o duende - com toda sua experiência - soube quando era chegada a hora certa, e pegando Valéria pelas costas, escalando aos beijos o seu pescoço, com toda paciência do mundo, tirando o cabelo sobre sua orelha, recitou aos sussurros um lindo e excitante poema de Maria Borges, dito Ato, Minha vontade transborda.../ E nessa hora,/ seu desejo sobra.../ Ardem,/ separadas,/ as peles expostas ao tato.../ Meu amor,/ de fato,/ só nos falta/ o ato. P.S.: O referido poema foi retirado do site http://pensamentoepoesia.blogspot.com/, com a devida autorização de sua responsável, a quem agrademos a doce colaboração.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

O Mito do Anão de Jardim.

Capítulo II

Valkíria foi morar em outra cidade. Denise encontrou um novo amor. Tudo mudou, até Neto emigrou. Valéria dormiu o sono dos inocentes. Aquele tempo acabou, esvaiu-se, outro nasceu. Novas descobertas. Há vida além de IARA, vislumbrou Valéria. Seus dias agora são mais curtos, seu coração agora é alheio, seu amor é vulnerável, seu mundo deixou o plano cartesiano e entrou na roda amarela. Valéria é ignorante. Coisas estranhas andam acontecendo em IARA; para Valéria tudo é normal, ela ama o que é estranho, e sequer percebe que algo a envolve; algo sobrenatural, transcendental, algo imortal. No imenso jardim público de IARA aparece uma bela estátua de mármore, sem nome, sem explicação, mas com uma aparência bastante familiar. Uma estrutura meiga, cheia de traços humanos; cheia de vontade, como se quisesse falar, Estou aqui, perto de você. Valéria, como que encantada, se deleitava nos sonhos do jardim. Era como se o jardim exercesse algum domínio sobre ela. Era como se ela vivesse no mundo dos desejos. Desejos que não eram seus, mas que, ao contrário, apoderava-se dela, possuindo-a. É quando mais um Amor vai embora e deixa Valéria com o peito cansado. Ela só precisa de uma coisa, alguém para conversar. Mãe, vou dormir, se alguém me ligar, por favor, não me acorda, retrucou a filha. Não é comum uma pessoa dormir às 03:00 h da tarde e acordar às 11:00 h da noite. Valéria é especial. No seu jardim, ela tem sua real vida, seu jeito incomum. Lá ela tem o que precisa. Não há ninguém no mundo, apenas Valéria. De um pequeno arbusto sai algo de aparência conhecida. Um ser branquinho, seu conhecido de longas datas. Você aqui! Ela exclamou. É, voltei. Algum desejo me trouxe até aqui, balbuciou o anão. Iniciaram um diálogo. Ela desabafou; ele escutou e palestrou, e fez citações, e deu exemplos por ele vivido ou presenciado. E ela se encantou. Ele previu, Violarei o acordo dos sentimentos.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

O Mito do Anão de Jardim.

Capítulo I

Por favor, Mãe, eu vou com o Cazuza e a Denise; Não, você não vai, eu já disse, não insista. E Valéria só tinha uma coisa a fazer: Drama. Foi para seu quarto e chorou até esquecer que sua mãe não a deixou sair com seu primo e a namorada dele. E Cazuza não percebeu que foi ele que deu o ponta-pé inicial num mito que há muito sobrevive nesta erma cidade de nome folclórico ? IARA. Em IARA tudo é muito tranqüilo. Todo mundo se conhece; as crianças brincam na rua, os jovens ?aprontam as suas?, os velhos jogam dominó na praça, e as velhas discutem a vida alheia numa profundidade hegeliana. Há uma sorveteria, onde, às vezes, alguns jovens fazem as vezes das velhas. Diversão mesmo, só na casa dos amigos, principalmente quando os pais desses amigos se ausentam. Os Pais da Denise costumam viajar, e ela costuma fazer algumas festinhas com seus chegados. O problema é seu irmão Netinho. Carinha mais chato, não participa das festinhas e ainda entrega a irmã. Dia desses Denise vai à casa de Valéria. Val, adivinha? Papai viajou. Te prepara pro fuá; Pois vamos chamar a Valkíria; Teu irmão vai ta lá? Mulher, ele é até bonitinho, mas é muito chato, um anti-social que vive entocado dentro do quarto, e ainda dedura a gente; Não te preocupa, depois eu convenço ele a não falar nada pra meu papai. Muitas vezes essa distinta reunião se repetiu; sempre regadas a muito álcool. Na festa, todas elas muito bêbadas, e muito felizes ? pelos menos na hora que estavam fora de órbita. Tudo era muito hilário pra elas, até o dia que Cazuza trocou Denise por um arquétipo desses que se encontra em circo (era isso que pensava Denise). Pronto, tudo é motivo pra chorar. Tinha vez que Denise, bêbada, sem dizer nada, caía no choro; Valéria via a cena, e também começa a chorar; olhava pro lado, Valkíria aos prantos. Todas choravam. Todas bêbadas. Todas tristes. Bares, festinhas, bebidas, e uma grande amizade entre as três. Muitos risos e muitas lágrimas também.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Algumas ponderações

eu achava o outro blog muito bom. bom era o fato de escrever no blog. vou continuar escrevendo, postando meus contos, alguns poemas, e a minha meia-verdade. vou começar com um conto, uma breve narrativa. agora só me faltam os leitores.

Primeiro post

pow, tinha um blog no weblogger, e era uma merda; por isso resolvi mudar p k. vamo ver no q da.