sexta-feira, 9 de novembro de 2007

O Mito do Anão de Jardim.

Capítulo II

Valkíria foi morar em outra cidade. Denise encontrou um novo amor. Tudo mudou, até Neto emigrou. Valéria dormiu o sono dos inocentes. Aquele tempo acabou, esvaiu-se, outro nasceu. Novas descobertas. Há vida além de IARA, vislumbrou Valéria. Seus dias agora são mais curtos, seu coração agora é alheio, seu amor é vulnerável, seu mundo deixou o plano cartesiano e entrou na roda amarela. Valéria é ignorante. Coisas estranhas andam acontecendo em IARA; para Valéria tudo é normal, ela ama o que é estranho, e sequer percebe que algo a envolve; algo sobrenatural, transcendental, algo imortal. No imenso jardim público de IARA aparece uma bela estátua de mármore, sem nome, sem explicação, mas com uma aparência bastante familiar. Uma estrutura meiga, cheia de traços humanos; cheia de vontade, como se quisesse falar, Estou aqui, perto de você. Valéria, como que encantada, se deleitava nos sonhos do jardim. Era como se o jardim exercesse algum domínio sobre ela. Era como se ela vivesse no mundo dos desejos. Desejos que não eram seus, mas que, ao contrário, apoderava-se dela, possuindo-a. É quando mais um Amor vai embora e deixa Valéria com o peito cansado. Ela só precisa de uma coisa, alguém para conversar. Mãe, vou dormir, se alguém me ligar, por favor, não me acorda, retrucou a filha. Não é comum uma pessoa dormir às 03:00 h da tarde e acordar às 11:00 h da noite. Valéria é especial. No seu jardim, ela tem sua real vida, seu jeito incomum. Lá ela tem o que precisa. Não há ninguém no mundo, apenas Valéria. De um pequeno arbusto sai algo de aparência conhecida. Um ser branquinho, seu conhecido de longas datas. Você aqui! Ela exclamou. É, voltei. Algum desejo me trouxe até aqui, balbuciou o anão. Iniciaram um diálogo. Ela desabafou; ele escutou e palestrou, e fez citações, e deu exemplos por ele vivido ou presenciado. E ela se encantou. Ele previu, Violarei o acordo dos sentimentos.

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